Ouvi hoje na rádio uma pequena entrevista feita a pessoas
que acompanham familiares em acontecimentos irreversíveis. Exemplificando, a
esposa que acompanha o marido que ficou paraplégico e condenado a uma cadeira
de rodas. A senhora agradecia o apoio que recebia nas reuniões de
acompanhamento psicológico pois assim conseguiu olhar para a sua vida de uma
forma mais leve.
E eu pensava: devem existir estas reuniões para quem também
tem a Alma em cadeira de rodas!
Como será bom reconfortar as almas doridas, fragilizadas
pela falta de afecto que contamina o mundo a olhos vistos, reconfortar as Almas
que desistiram de si, que se amputaram aos poucos, que deixaram a tristeza
congeminar as horas dos dias… Aliviar o peso da inconformidade que vai
desgastando os que não actuam. Hoje pensei mais nos doentes de Alma que os
doentes de Corpo. Talvez eu também tenha a Alma constipada, apenas…